Por João Victor Silva, analista de mercado da Orsitec, formado em Relações Internacionais e Economia pela Boston University, nos Estados Unidos.
A crise da COVID-19 trouxe muitas incertezas e desconfianças acerca do futuro da economia brasileira. O governo se endividou demasiadamente, milhões de negócios fecharam e milhões de brasileiros entraram em uma condição de grave vulnerabilidade social. Além disso, muitos indivíduos e empresas não conseguem planejar os seus futuros, visto que a pandemia demonstrou ter um ciclo completamente imprevisível. No entanto, com o avanço da vacinação no Brasil e no mundo, a tendência é que as infecções e mortes pela COVID-19 caiam, possibilitando uma recuperação da economia mundial. Nos últimos meses, uma das principais alterações no cenário econômico foi o aumento dos preços das commodities, que pode ajudar muito os países com um setor primário (agricultura, pecuária, minérios, petróleo etc.) forte a se recuperarem da crise causada pela pandemia.
Figura 1: Mudança do Preço do Cobre (azul escuro), Petróleo (rosa) e Soja (azul claro) entre 2020 e 2021
Fonte: Financial Times
Como o Brasil é um dos países com um dos setores primários mais competitivos do mundo, a mudança do preço das commodities possui um forte impacto na economia brasileira. Afinal de contas, os setores agropecuário e de minérios brasileiro dominam nosso mercado de exportações. Logo, estes são os setores de nossa economia mais vulneráveis às mudanças nos preços do mercado internacional. Assim sendo, quando consideramos a importância do agronegócio e da mineração para nossa economia, percebe-se que o aumento de preços das commodities tem um efeito substancialmente positivo na nossa atividade econômica. Afinal de contas, com uma maior demanda por nossos produtos primários, a economia toda tende a se beneficiar. Com o aumento do lucro dos agricultores e das empresas de mineração e o aumento do emprego nesses setores, a economia toda se beneficia porque com mais riqueza sendo criada, sobram mais recursos para consumo e investimento.
O fato é que este novo boom das commodities já começa a surtir um efeito positivo na economia brasileira. Segundo o Banco Central, em 2021, devemos ter um superávit nas contas externas (conta corrente do balanço de pagamentos) pela primeira vez em 14 anos e a balança comercial deve ter um superávit de US$ 70 bilhões, US$ 17 bilhões a mais do que em 2020. Além disso, o Banco Central estima que devemos ter um recorde de exportações, que devem atingir US$ 256 bilhões em 2021.
Este novo cenário do mercado das commodities traz mais esperança ao fortalecimento da economia brasileira. Afinal de contas, nas últimas quatro décadas, o período que apresentamos as maiores taxas de crescimento econômico foi justamente nos anos de boom das commodities, entre 2003 e 2011, quando a economia chinesa começou a experimentar elevados níveis de crescimento e a demanda por produtos primários cresceu substancialmente.
Hoje, além da recuperação da economia chinesa da crise da COVID-19, outros eventos econômicos ao redor do mundo também contribuem para o crescimento do preço das commodities. Em um artigo publicado no Financial Times pelos economistas Jumana Saleheen e Lavan Mahadeve, outros três acontecimentos estão levando ao aumento de preços das commodities: (1) o otimismo dos investidores com o avanço da vacinação ao redor do mundo, que deve levar a economia mundial a um processo de rápida recuperação; (2) o aumento da preocupação dos investidores com o aumento da inflação nos EUA, que está levando estes investidores a aplicar seus recursos em commodities, para evitar que seus recursos percam poder de compra; (3) o avanço da pauta ambientalista, que está levando a um aumento de demanda de materiais necessários para construir infraestrutura com baixos níveis de carbono como o cobre, lítio e o cobalto.
Entretanto, apesar de todos os benefícios que o aumento dos preços das commodities pode trazer, a estratégia de recuperação da economia brasileira não pode depender apenas de fatores externos. Afinal de contas, o aumento dos preços das commodities não são garantia de crescimento econômico sustentável. Para o Brasil voltar a crescer é necessário reduzir os níveis dos gastos e da dívida pública, melhorar o ambiente de negócios e aumentar a abertura da economia brasileira ao mercado global. A história demonstra que países com economias dependentes do setor primário estão sujeitos a volatilidade da economia global e o desenvolvimento econômico torna-se mais difícil. Logo, para crescermos é preciso desenvolver uma economia mais dinâmica, diversificada e competitiva. Com mais exportações e uma melhor posição de nossa balança de pagamentos, a pressão sobre o câmbio deve cair, o crescimento econômico deve crescer e o governo terá maior capacidade de ajustar as contas públicas. Diante deste cenário, parece-me que o certo a fazer é aproveitar o aumento dos preços das commodities para criar os fundamentos necessários para o crescimento econômico sustentável do país.
Lavagem de dinheiro: Você sabe quem está enquadrado às pessoas sujeitas ao mecanismos de controle?
Lavagem de dinheiro: Você sabe quem está enquadrado às pessoas sujeitas ao mecanismos de controle?Você sabe quem está enquadrado às pessoas sujeitas ao mecanismos de controle, conforme definido no Art. 9º da Lei 9.613 de 1988? A redação do Art. 9º em seu preâmbulo...
Reforma Tributária: veja a sexta edição do informe produzido pela RNC
Reforma Tributária: veja a sexta edição do informe produzido pela RNCA RNC – Rede Nacional de Contabilidade – montou um Grupo de Trabalho da Reforma Tributária com o intuito de acompanhar todos os passos da Reforma e produzir e compartilhar conteúdos sobre o avanço do...
Outubro Rosa: Rap da Prevenção do Câncer por Dr. Luiz Alberto Silveira
Outubro Rosa: Rap da Prevenção do Câncer por Dr. Luiz Alberto Silveira Chegamos ao mês de Outubro e, como todos os anos, nessa época temos a Campanha do Outubro Rosa, a qual tem como objetivo ser um momento de mobilização social para reforçar mensagens sobre prevenção...