Etarismo: como é o mercado de trabalho para quem tem mais de 50 anos?
Os brasileiros estão envelhecendo. Segundo o IBGE, um quarto da população brasileira tem, hoje, 50 anos ou mais, o que representa cerca de 54 milhões de pessoas. No entanto, o passar dos anos tem afastado os brasileiros não só da juventude, mas também do mercado de trabalho. Esses caminhos, que não se cruzam, ganharam até um nome: etarismo.
Etarismo é sinônimo de preconceito baseado na faixa etária. Ele se sustenta em um estereótipo que transforma a pessoa que chega em uma certa idade em alguém ultrapassado e desatualizado. Principalmente em uma era onde a tecnologia avança a passos largos. Nada disso, no entanto, tem a ver com a faixa etária. O envelhecimento cronológico não chega a ser limitador de nada. Muito menos, da realização de atividades intelectuais, físicas e cognitivas.
Mas, então, por que ainda existem empresas que consideram um profissional na faixa dos 50 anos como alguém incapaz de realizar tarefas que os mais jovens fazem? Ou que utilizam a idade como critério nos processos de contratação, impedindo que pessoas mais velhas possam sequer participar da seleção?
O etarismo no mercado de trabalho
O fenômeno do etarismo está associado à construção social de uma época em que a expectativa de vida dos brasileiros era próxima dos 45 anos. Até hoje, no entanto, pessoas que chegam a esta idade já começam a ver algumas portas se fecharem. E elas se manifestam de diferentes maneiras – muitas delas, bem sutis. Por exemplo:
- colocar limite de idade nas vagas de trabalho;
- trazer alguém de fora e mais jovem para assumir um cargo de chefia na empresa em vez de ar a promoção aos colaboradores mais velhos;
- demitir trabalhadores mais velhos durante as demissões da empresa ou demiti-los para manter os mais jovens, com um salário menor;
- oferecer oportunidades de aprendizagem apenas a colaboradores mais jovens, como acesso a cursos, bolsas de estudo e participação em eventos;
- dar condições de trabalho mais favoráveis aos mais jovens, como projetos ou equipamentos melhores.
Para que as pessoas com mais de 50 anos sejam valorizadas no mercado de trabalho, é essencial que os gestores e os profissionais de Recursos Humanos entendam que cada faixa etária tem suas virtudes e decorrências. E todas têm a contribuir, cada qual a sua maneira.
5 dicas para fugir do etarismo no mercado de trabalho
Nenhum espaço social está imune à discriminação etária e o mercado de trabalho não é exceção. Diante disso, é importante que as organizações atuem com cautela e diligência para não alimentar o preconceito e acabar perpetuando-o na cultura empresarial.
Na busca por um ambiente profissional mais inclusivo, trazemos 5 dicas para mudar a realidade do etarismo.
1. Procure ser imparcial nas contratações do mercado de trabalho
Evite abrir vagas de trabalho que sejam discriminatórias já na sua natureza, trazendo, por exemplo, limite de idade ou frases que insinuem que apenas candidatos mais jovens são aptos para desempenhar algumas funções. Em vez disso, reforce o compromisso da empresa com um ambiente de trabalho inclusivo e não discriminatório.
Na hora de selecionar os currículos, avalie as qualificações e competências técnicas e comportamentais não se baseie em suposições ou achismos. E, durante as entrevistas, abstenha-se de fazer perguntas ou comentários desnecessários a respeito da idade ou do tempo de formação do candidato, por exemplo.
2. Forme equipes de diferentes idades
Times formados com pessoas de diferentes idades podem ser uma experiência transformadora para todos os envolvidos. Além de equilibrar as relações, ainda proporciona uma troca que pode ser fundamental para formar profissionais mais seguros e engajados.
Profissionais mais velhos, afinal, não concorrem com novos talentos. São perfis complementares e um não substitui o outro. É essencial entender que cada faixa etária tem suas virtudes e limitações e que a união de olhares e características de épocas distantes pode resultar em soluções mais completas e abrangentes para as empresas.
3. Invista no desenvolvimento de todos os colaboradores, sem discriminação
A oferta de oportunidades de desenvolvimento e treinamento não deve se limitar apenas aos mais jovens só porque os gestores supõem que os colaboradores mais velhos não têm mais interesse nisso. É preciso reverter essa presunção estereotipada de que todas as pessoas mais velhas são resistentes à mudança, não têm energia para encarar novos desafios, não possuem ambição profissional ou passam os dias contando o tempo para a aposentadoria. Tudo isso é sinal de etarismo.
É papel da empresa também ajudar seus trabalhadores mais velhos a se manter atualizados com o que há de novo no mercado.
4. Desenvolva ações e programas que aproximam pessoas de diferentes idades
Promover iniciativas que ajudam a aproximar e conectar pessoas de diferentes idades também é uma forma de acabar com o preconceito etário no mercado de trabalho. O melhor exemplo para isso é a mentoria: oferecer a possibilidade de acompanhamento profissional de um colaborador mais jovem, feito por alguém mais experiente. Esse tipo de atividade não só oportuniza crescimento aos envolvidos, mas também incentiva a prática da empatia e aumenta a satisfação no trabalho e a realização profissional.
Além disso, a empresa também pode desenvolver a chamada mentoria reversa: quando um colaborador mais jovem auxilia o mais velho para integrá-lo em novos métodos e tecnologias, por exemplo.
5. Inclua expressamente o etarismo na política da cultura da empresa
A cultura empresarial que já trata da defesa da diversidade deve incluir expressamente o etarismo na lista de atos vedados e não permitidos internamente pela organização. Isso porque nem sempre a idade é vista como um preconceito velado a ser combatido. Muitas vezes, as pessoas relacionam a diversidade a gênero, raça e orientação sexual, mas esquecem que ela se direciona a todas as minorias – e isso inclui pessoas com mais de 50 anos. Por isso, é essencial que a empresa ajude seus colaboradores não só a reconhecerem a discriminação etária no local de trabalho, como também a identificarem como algo não tolerado ali.
E a sua empresa, o que tem feito para evitar e combater o etarismo no mercado de trabalho?
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