Como seu Negócio Pode Lidar com Juros Elevados?
O ambiente de juros altos representa um grande desafio para as empresas brasileiras. Sendo assim, vamos analisar como esse cenário impacta os negócios e quais estratégias podem ser adotadas.
O Cenário Atual dos Juros no Brasil
Na mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em 19 de março, os membros do comitê decidiram por aumentar a taxa básica de juros, a Selic, para 14,25%, alcançando o maior nível desde outubro de 2016. Com essa decisão, o Brasil passa a ocupar a desconfortável quarta posição entre os países com as maiores taxas de juros reais do mundo.
Esse incremento traz consequências adversas para a economia, uma vez que a taxa de juros representa o preço fundamental do dinheiro e exerce influência direta sobre o desempenho econômico.
Como os Juros Afetam as Empresas
A taxa de juros simboliza o custo do dinheiro ao longo do tempo. Dessa forma, quando ela se eleva, a atividade econômica tende a perder fôlego. Juros altos tornam o dinheiro mais valioso no futuro em comparação ao presente, incentivando a poupança entre os indivíduos e desestimulando tanto o consumo financiado quanto os investimentos, devido ao encarecimento do capital.
Para as empresas, o impacto dos juros elevados não se limita à queda na demanda: há também um aumento no custo financeiro, seja por taxas variáveis mais altas, seja pela necessidade de refinanciar empréstimos anteriormente contratados a juros prefixados.
Assim, o fluxo de caixa das empresas é prejudicado tanto pela redução nas receitas quanto pelo crescimento das despesas.
Estratégias para Empresas de Médio e Grande Porte
Para as empresas, taxas de juros elevadas tendem a postergar oportunidades de expansão. Entretanto, empresas de médio e grande porte podem recorrer, como alternativa, a empréstimos em moeda estrangeira. Contudo, é fundamental que essas estratégias sejam acompanhadas por medidas de hedge para proteger contra flutuações nas taxas de câmbio.
Além disso, a entrada em novos mercados também se apresenta como uma opção viável para mitigar os riscos associados às taxas de juros. Isso ocorre porque a política monetária do Brasil está frequentemente desalinhada em relação ao resto do mundo.
Por exemplo, atualmente observa-se uma tendência de queda nos juros nos Estados Unidos e na União Europeia, enquanto no Brasil o movimento é de alta. Nesse contexto, a diversificação de investimentos e fontes de receita em diferentes mercados emerge como uma estratégia eficaz para reduzir riscos.
De forma resumida:
Para enfrentar os juros elevados, empresas maiores podem adotar as seguintes abordagens, todas já presentes no texto original:
- Empréstimos em moeda estrangeira (com medidas de hedge para proteção cambial)
- Expansão para mercados internacionais onde as taxas de juros estão em queda (como EUA e UE)
- Diversificação de investimentos em diferentes economias para reduzir riscos
Alternativas para Pequenas Empresas
Para empresas de menor porte ou atuando em segmentos restritos ao mercado interno, obter crédito e expandir as operações no exterior muitas vezes se mostram estratégias inviáveis.
Diante disso, em um contexto de juros elevados, a chave para manter a solidez das operações reside em aumentar a eficiência operacional, preservando assim a rentabilidade do negócio.
Sendo assim, uma alternativa seria reduzir o nível de endividamento e aguardar uma melhora nas condições econômicas para, então, retomar a busca por crédito e novos investimentos.
Afinal, as empresas têm o dever de atender aos interesses de seus acionistas. Em períodos de juros altos, isso pode significar priorizar a distribuição de lucros, permitindo que os próprios acionistas decidam investir esses recursos em ativos com uma relação risco-retorno mais favorável.
A Importância das Reservas Financeiras
Mais uma vez, o cenário de altas taxas de juros reforça um tema recorrente: a relevância de construir reservas financeiras sólidas. Em um contexto de elevação dos juros, empresas com uma estrutura patrimonial e de fluxo de caixa robusta não somente conseguem reduzir seus riscos financeiros, mas também podem aproveitar sua posição vantajosa para ganhar terreno sobre concorrentes mais fragilizados.
Além do mais, isso inclui a possibilidade de oferecer produtos e serviços a preços mais competitivos, atraindo consumidores particularmente sensíveis às oscilações macroeconômicas.
Crises como Oportunidades
John F. Kennedy, em um discurso ainda enquanto Senador, disse que, “quando escrita em chinês, a palavra crise é composta por dois caracteres — um representa perigo e o outro representa oportunidade”. No mundo empresarial, podemos observar essa dualidade:
Um exemplo evidente é o setor de varejo alimentar. Nos Estados Unidos, após a recessão de 2001 e a Grande Crise Financeira de 2008, as principais redes de supermercados investiram no segmento de private label (marcas próprias). Além disso, o objetivo dessa estratégia era aumentar suas margens de lucro e disponibilizar produtos a preços mais acessíveis aos consumidores.
Um exemplo nacional:
No Brasil, um movimento semelhante ocorreu no mercado de serviços financeiros após a crise econômica da metade da década de 2010, quando o número de fintechs cresceu significativamente. Em outras palavras, essas empresas passaram a oferecer soluções inovadoras que revolucionaram o acesso ao crédito.
Conclusão: Adaptação como Chave para o Sucesso
Esses exemplos ilustram que ambientes econômicos adversos não obrigam as empresas a adotarem uma postura exclusivamente conservadora. Além disso, a estratégia mais adequada varia conforme o contexto de mercado e a saúde financeira da empresa.
Em última análise, as condições financeiras e operacionais da empresa ao ingressar em um período de turbulência determinam se os juros elevados representarão uma oportunidade de expansão, um obstáculo a ser superado ou uma batalha pela sobrevivência.
Por fim, o essencial é que os gestores estejam preparados para enfrentar diferentes cenários, por mais desafiadores que sejam.
FGTS Digital – Veja algumas orientações importantes
FGTS Digital - Veja algumas orientações importantes Está previsto para Janeiro de 2024 a implementação do FGTS Digital, um conjunto de sistemas integrados que vai gerenciar os diversos processos relacionados ao cumprimento da obrigação de recolhimento do FGTS. Dentre...
MEI que possui dívidas pode ser desenquadrado e ter CNPJ inapto
MEI que possui dívidas pode ser desenquadrado e ter CNPJ inapto Os Microempreendedores Individuais (MEI) que possuem dívidas na Receita Federal e na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) poderão ser desenquadrados caso não regularizem seus débitos. De acordo...
Mudanças nas Subvenções para Investimento
Mudanças nas Subvenções para Investimento Em 30/08/2023, por meio da Medida Provisória n° 1.185, o Poder Executivo modificou o atual sistema de isenção das subvenções para investimento no país com a revogação do artigo 30 da Lei 12.973/14, assim como os dispositivos...